terça-feira, 17 de novembro de 2009


Just a dreams

Era de noite, saí do calor do quarto, entrei na amenidade do corredor e depois vesti o casaco para vir cá fora pôr o lixo no contentor.
Desci a infinidade de escadas, com o sono a perturbar-me a alma e os olhos a quererem cerrar-se de cansaço, mas mesmo assim consegui chegar ao piso zero sem deixar cair aquele saco e sem espalhar o que estava lá dentro, como já antes tinha acontecido. Fiquei logo contente, e pensei que já não ia ter de perder tempo a fazer a tarefa que não tinha acontecido, esboçando um pequeno sorriso (medonho para quem me visse naquele estado).
Abri a porta de entrada do prédio e dirigi-me ao contentor que tresandava de tanto lixo que tinha (era o último dia, até o irem despejar) quando reparei no banco por trás da árvore onde me costumava sentar a ler o livro "A ilha do Chifre de Ouro" de Álvaro Magalhães. Observava eu, dois namorados. Fiquei perplexa com os jogos de olhares que faziam entre eles, com a maneira apaixonada e intensa com que se beijavam, com a felicidade que pairava naquele ambiente... e eu ali, a despejar o lixo, ás 11 e meia da noite, com o cabelo todo engronhado nos ganchos mal posicionados na cabeça.
Apesar de estar a uns poucos metros do banco, consegui ouvir a palavra que susurraram um ao outro "amo-te", em seguida beijaram-se e eu senti arrepios a subirem  pelo meu corpo até que chegaram á cabeça e me alertaram de que eu nao deveria de estar ali, a ver aquilo.
Eu devia ter ficado ali uns 10 minutos a fitá-los, mas não consegui explicar o porquê. Faziam com que eu me sentisse feliz e triste, porque na verdade não tinha ninguém, para viver tais momentos.
Subi as escadas, entrei em casa, o calor possuiu de novo o meu corpo, embrulhei-me de novo nos cobertores e acho que voltei a sonhar.

No fundo, foi tudo um sonho, porque o tal casal, éramos tu e eu.

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