domingo, 24 de maio de 2009

Espaços Marcados

Ás vezes apetece-me começar a correr; ir ao teu encontro, chegar perto de ti, fechar os olhos e ser levada por os espíritos do amor que nos consome de cada vez que estamos juntos. Apetece-me sentir o calor dos nossos corpos a entrar em erupção, sentir a bravura dos teus lábios a tocar os meus, sentir-me nas nuvens por me estares a fazer entrar num sonho de que esperava nunca mais poder acordar (…)
Era isto que queria sentir de cada vez que penso em nós. Por breves instantes no que se tornam dois seres humanos, levados pelo prazer, pela vivência de momentos.
Sinto-me como se fosse dissecada por ti. O teu olhar corta-me o ar de cada vez que me olhas. O teu perfume entranha-se no meu corpo e insiste em ficar comigo, por mais que eu me tente libertar. Os objectos vêm ter comigo por mais que eu os tente esconder dos meus olhos. O teu nome surge da boca de gente que eu nem conheço, que passa por mim e parece querer atormentar-me mais a alma e acabam por soletrar letra a letra a palavra que mais quero omitir ao meu dia-a-dia.
Consegui fazer de ti o melhor de mim, e neste momento só te consigo deitar um olhar de saudade juntamente de um sentimento de ódio, que por mais que me pergunte porque o tenho não consigo explicar.
Tu, só não estás em certos lugares quando é preciso.
Deixaste-me adormecer naquele espaço verde, repleto de árvores e relva fresca e pura; naquele lugar onde adormecemos várias vezes a inventar formas para as nuvens. Era o mesmo sítio onde passávamos horas a conversar, onde me beijavas, onde o teu corpo ficava junto ao meu e o adormecia, onde corríamos e caíamos um sobre o outro e o tempo nos fazia cegos e queimava o espaço em volta.
Só tenho de te deixar naquele lugar. De começar a correr de regresso a casa com medo de que a porta se feche e nunca mais volte a abrir. Mas sempre que te tento deixar, vejo e sinto que ao primeiro passo que dou, o teu nome começa a eclodir dentro de mim e não pára. Será isto um aviso?
Eu só não queria que o teu nome ressuscitasse dentro de mim de cada vez que calco o asfalto da rua, porque isto acontece todos os dias, já que tenho de as pisar de regresso a casa. Não tenho vontade de ir dar uma volta maior por outro lugar.

Sem comentários:

Enviar um comentário